quinta-feira, 31 de maio de 2012

Eu, Mulher!




É impressionante como a gente se surpreende com a vida e com os detalhes que ela nos trás. Eu sempre levantei a bandeira de que "Os homens são todos iguais" e ainda levanto. Homem não tem a sensibilidade da mulher, não tem as mesmas dúvidas, as mesmas pirações e muito menos o mesmo amor. Mas isso não é nada, porque nós mulheres também somos todas iguais, cada uma com suas particularidades, lógico, como os homens também, mas a essência é a mesma. Nós somos uma espécie mutável, por incrível que pareça. Sabemos nos portar como uma dama, uma santa ou como uma cachorra no cio, conforme nossas necessidades, decepções e afins. Nós somos feitas de momentos, breves momentos.

Um dia somos uma leoa pronta pra encarar a todos e defender com unhas e dentes o que é "nosso", no outro somos a própria Madre Teresa de Calcutá, amando a todos e desejando a alegria sem fim a nossos irmãos e irmãs que habitam este planeta cheio de ternura, em busca da Paz Mundial e do bem comum, e desejando a nossos desafetos que Deus os ajude, pois são, coitados, seres menos evoluídos... Já no oooouutro, somos a versão feminina de Hitler, ditando o que é certo, errado, julgando, passando por cima. Somos as donas da verdade absoluta e assassinando nosso respeito e o do próximo. Em outro momento, somos vítimas de uma sociedade machista e de homens insensíveis que nunca nos amam como deveríamos ser amadas e nunca fazem por nós o destroço que faríamos por eles. Já no outro somos a própria Valeska Poposuda cantando um de seus belos refrões como "Agora eu sou piranha e ninguém vai me segurar", reflexo de um pé na bunda bem dado pelo nosso tão grande amor. Nos entregamos em outros braços, buscando sentir o cheiro, o carinho, a felicidade que nos foi tão tragicamente arrancada, tudo em vão, já que quando acaba a festa e vem a ressaca, a ilusão bate à nossa porta avisando que está na hora de acordar e enfrentar a realidade!... Enfim, até que chega um dia, um belo dia, que a gente acorda!

Eu não sou melhor que ninguém, nem dou o direito de alguém se sentir superior a mim. O que eu sou hoje, devo a tudo o que passei, a todas as pancadas que a vida me deu e como ainda tenho 29 anos, sei que estou apenas começando meu trajeto, mas com outros olhos, outros sentimentos, bem mais apurados, sensíveis e bem mais calejados... diferente da Camilla de 10 anos, a gordinha da escola, que só vivia de comer e brincar na rua, diferente da Camilla de 16, que achava que a vida era injusta, os pais eram um saco e meu mundo era um namoradinho maconheiro que eu tinha, diferente da Camilla de 21, que achava que a vida era uma festa, meu dinheiro era só pra farra, e tudo se resumia aos amigos, diferente da Camilla de 25, mãe, esposa, acomodada, que pra ela tudo era só uma fase, e que sentada, de braços cruzados, as coisas simplesmente começariam a acontecer e a melhorar, diferente da Camilla de 27, revoltada, amarga, depressiva, sem brilho e a coitada que fazia o papel de vítima... Quem sou hoje com praticamente 29? Não faço a menor idéia... talvez com 40 anos eu consiga descrever, com certeza com outros argumentos e bem mais maduros alguma coisa sobre quem eu sou hoje. A vida é assim e eu sou um conjunto dela. Aprendi, caí, fui feliz, amei, fui amada, fui rejeitada, cresci, melhorei, vivi e tenho muito ainda pra viver e principalmente para aprender. Meus filhos estão aí, no comecinho do sopro de vida, e eles irão me ensinar muito ainda e preciso estar preparada pra tudo. Concluído, vamos partir do príncípio de que não sou a melhor pessoa do mundo, mas confesso estar bem longe de ser a pior, sem falsa modéstia! Eu sou uma incógnita, nós mulheres somos uma incógnita! Vamos viver, nascer, e continuar sendo escravas de nós mesmas, de nossos medos, ações, temperamentos e escolhas. E porque não dizer, de nossas intuições....?

Concluir com esse texto que eu, particularmente, acho espetacular... Um resumo básico, de todas nós, mulheres:

"Eu queria ser amada. Coisas de mulher romântica. Nasce, cresce, envelhece mas, continua uma menina. Sofri as decepções mais elementares, dessas que incluem abandono, traição, machismo, injustiça,  e outras minúcias que deveriam ser abolidas da pauta dos relacionamentos. Ainda assim , sobrevivi. As mulheres sempre sobrevivem. São feitas de uma matéria frágil cuja embalagem deveria conter uma advertência: Manipule com cuidado! Porém se a parte interessada se nega a compreender a implícita recomendação do rótulo, ou talvez até seja mesmo inteiramente analfabeta, contribuindo assim para a concretização de trágicos episódios, não suplanta a garra da mulher. Eu reúno os cacos, as partículas, sacudo a poeira, dou a volta por cima e juro (as mulheres sempre juram) que nunca mais me deixarei envolver. E na primeira oportunidade, lá está eu caindo no mesmo buraco....”

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